quinta-feira, 26 de janeiro de 2017






A Serra do Rola-Moça


Mário de Andrade



A serra do Rola-Moça
não tinha esse nome não...
eles eram do outro lado,
vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
o noivo com a noiva dele
cada qual no seu cavalo.

Antes que chegasse a noite
se lembraram de voltar.
Disseram adeus para todos
e se puseram de novo
pelos atalhos da serra
cada qual no seu cavalo.

Os dois estavam felizes,
na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreiros
ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A serra do Rola-Moça
não tinha esse nome não.

As tribos rubras da tarde
rapidamente fugiam
e apressadas se escondiam
lá embaixo nos socavões
temendo a noite que vinha.

Porém os dois continuavam
cada qual no seu cavalo,
e riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
com as risadas dos cascalhos
que pulando levianinhos
da vereda se soltavam
buscando o despenhadeiro.

Ah! Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.

Faz um silêncio de morte.
Na altura tudo era paz...
Chicoteando o seu cavalo,
no vão do despenhadeiro
o noivo se despenhou.

E a serra do Rola-Moça,
Rola-Moça se chamou.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Corrigindo a frase: A situação está tão feia que até o joão-de-barro alugou a casa!!!
Aproveitei, então, para fazer esta quadrinha:
JOÃO-DE-BARRO, ENDIVIDADO, ANTE A CRISE DO PAÍS,RESOLVEU LOCAR O IMÓVEL, ONDE VIVIA FELIZ!


fonte: mensagem recebida por e-mail
 
 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017



Poema do Menino Jesus

O DOCE  MISTÉRIO  DA VIDA



Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas –
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –
“Se é que ele as criou, do que duvido.” –
“Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.”
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

… … … … … … … … … … … … … … … … … … …
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
… … … … … … … … … … … … … … … … … … …

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
… … … … … … … … … … … … … … … … … … …

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?


Alberto Caeiro (heterônimo de FERNANDO PESSOA).

sábado, 14 de janeiro de 2017


MIHHA TERRA NATAL

 

Da minha terra eu tenho

Uma saudade constante,

Embora ela não se lembre

Deste seu filho distante.

 

De lá parti pequenino,

Ainda com tenra idade.

Agora sou conhecido,

Menos na minha cidade.

 

É como diz o ditado,

Que sempre acho atual:

“Ninguém se torna profeta

Da sua terra natal.”

 

Santa Maria Maior,

Maria do Suaçuí:

Podes de mim esquecer,

Que não me esqueço de ti!

 

Geraldo de Castro Pereira

 

 

 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017




ADÃO  E   EVA

 

Autor: Sidney Moraes (Rio Bonito)

 

Existem certas pessoas carentes de entendimento,

Que acham que não foi Deus que Criou o Casamento,

A principio lhes parece que não foi conveniente,

Unir dois seres avessos, de fato, bem diferentes,

Mas nós que somos cristãos e temos boa memória,

Sabemos muito bem como surgiu essa história,

Adão andava ocupado trabalhando com capricho,

Se esforçando o dia inteiro, pensando em nome de bicho,

Era tigre, porco, tatu, macaco, alse, leão,

Adão andava inspirado, e foi mesmo abençoado, com tanta Imaginação,

Mas é possível que o sujeito também tenha reparado,

Que todo animal macho tinha uma fêmea do seu lado,

E Deus por demais atento, sondando-lhe o coração,

Decidiu que era preciso dar um fim a solidão e disse-lhe:

- Adão filho querido não quero te ver tão só;

Falhei por companheira uma joia de primeira da costela e não do pó.

E pondo Deus em ação aquilo que pretendia,

Nocauteou nosso Adão dando inicio a cirurgia,

E Deus cortou-lhe o osso pondo carne no lugar,

E assim fez a princesa, esperando ele acordar,

Quando o varão despertou daquele sono pesado,

O corte da cirurgia já tinha cicatrizado,

E Deus trouxe a varoa e a entregou a Adão,

E ouviu um brado de Glória e a seguinte exclamação,

- Ela é carne da minha carne, Ela osso do meu osso,

E adão foi pra galera e vez aquele alvoroço,

E a partir daquele dia o homem bem mais ocupado,

Deixou pra trás muitos bichos sem o nome catalogado,

E até hoje rola um papo, bem machista e corriqueiro,

De que o homem é mais importante, porque foi feito primeiro,

Algumas mulheres se irritam e afirmam de arma em punho,

Que a vinda da obra prima vem sempre após o rascunho,

Mas há homens que falam e mesmo quem acredite

Que Deus fez Adão primeiro para Eva não dá palpite,

Mas isso é irrelevante pro sucesso da vida a dois,

Pra ser feliz não importa quem veio antes ou depois,

Porque Deus fez tudo perfeito - discorde quem quiser,

Mas o melhor da mulher é homem,

E o melhor do homem é a mulher.

 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017




Saúde orienta sobre cuidados com a alimentação no calor

 

 

Consumo de fibras e água é indispensável nessa época do ano

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo faz um alerta sobre os cuidados com a alimentação nesta época de calor. Com o tempo quente os alimentos se aquecem muito mais rapidamente e sua velocidade de deterioração se acelera. O ideal é consumi-los logo após o preparo para não estragarem.

Se houver sobra de alimentos em alguma refeição, eles devem ser guardados sob refrigeração e totalmente reaquecidos para serem consumidos novamente. Mas, se houver alguma mudança no aspecto ou odor do alimento, ele deve ser descartado.

Segundo a nutricionista Gisele Vieira, supervisora do setor de Nutrição do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) "Dr. Luiz Roberto Barradas Barata", unidade da Secretaria no bairro de Heliópolis, é importante evitar, no calor, alimentos muito manipulados, molhos condimentados, como maionese, que, quando muito aquecidos, causam proliferação de bactérias causadoras de diarréia, mal-estar e vômito.

A dieta deve ser, preferencialmente, balanceada e leve, pois nos picos de calor o corpo humano utiliza muito mais energia para manter sua temperatura ideal, o que pode deixar o processo de digestão mais lento. "Portanto, gorduras e frituras devem ceder espaço a grelhados e assados", afirma Gisele.

Escolher sucos de frutas no lugar do refrigerante, consumir verduras e legumes cozidos ou crus, preferir alimentos de condimentação suave (evitar mortadela, salame, pimenta do reino, entre outros), evitar frituras e consumir maior quantidade de fibras, cereais, frutas e grãos são algumas dicas da nutricionista.

No verão também é muito importante o consumo de água, pois o organismo perde muito líquido para controlar a temperatura. "O consumo de sorvetes e ‘gelinhos' também favorece o aumento do aporte hídrico e dá sensação de frescor", afirma Gisele. Ela alerta, no entanto que, apesar de ser benéfico, o sorvete, como qualquer outro alimento, deve ser consumido com moderação.

"É importante seguir, no verão, uma dieta rica em fibras e proteínas. Indicamos que todos leiam as embalagens e rótulos para saber a composição do produto que estão consumindo, para saber o que estão ingerindo e se é prejudicial à saúde", finaliza a nutricionista do AME.

 

Fonte: Google