sábado, 27 de maio de 2017

Nossos Sonhos

Eu era jovem,
cheio de sonhos coloridos
E você também.
Fiz planos mirabolantes
E você também.
Queria dar-lhe o sol, a lua e todas as estrelas.
E você sorria
Com seus lábios encarnados
E agradecia,
Sabendo que a realidade
Me fugia.
A vida nos separou por muitos anos.
Envelheci e você também.
E hoje a encontro, sem aqueles sonhos meus e seus.
Onde foram parar os nossos sonhos?
Nem você sabe! Nem eu!


Geraldo de Castro Pereira

quarta-feira, 24 de maio de 2017



Viva e me deixa viver

Esse amor que você diz
Que tanto sente por mim
Não passa de uma obsessão
Que um dia terá fim.

Jamais quero magoar-te,
Mas deixa-me respirar.
Você me sufoca tanto
Que sinto falta de ar.

Amor tem que ser recíproco,
Para um feliz casal.
O que você faz comigo
Não me parece normal.

Sejamos somente amigos,
Não posso ser egoísta.
Um amor desse jaez
É apenas masoquista.

Vamos acabar com isto
E vivermos nossa vida.
Não torne nossa jornada
Tão complicada e sentida.



Autor:Geraldo de Castro Pereira

sábado, 20 de maio de 2017


Poema de Fernando Pessoa


Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender... 

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo... 

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

domingo, 14 de maio de 2017

M Ã E 



Antero de Quental



Mãe - que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio,
E com as mãos piedosas até o fio
Do meu pobre existir, meio partido...

Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...

Eu dava o meu orgulho de homem - dava
Minha estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava,

Descuidada, feliz, dócil também,
Se eu pudesse dormir sobre o teu seio,
Se tu fosses, querida, a minha mãe!


quinta-feira, 11 de maio de 2017

domingo, 7 de maio de 2017

O CÃO E CACHIMBO

MINICONTO

Após a segunda Guerra mundial, o Sr. Klaus veio morar no Brasil. Era ainda um rapazola, cheio de sonhos.  Posteriormente, sua namorada também resolveu vir para o Brasil, atrás do seu querido. No Brasil casaram-se numa colônia de alemães.
Ambos foram morar numa linda cidade do Espírito Santo, denominada Domingos Martins , também conhecida como Campinho Acharam a cidade aprazível e acolhedora, onde encontram vários compatriotas.
Sr.klaus gostava de fumar cachimbo. Não largava o vício por nada deste mundo.
Um dia, precisava resolver um problema em Vitória, capital do Estado do Espírito Santo Pegou um ônibus, onde era permitido fumar. Sentou-se numa poltrona ao lado da janela, fumando seu cachimbo, apreciava as lindas paisagens da região.
Nisto, o ônibus parou em um ponto e uma senhora bem vestida, com seu casaco de peles, entrou abraçado a um cão, lindo, enfeitado com um lacinho de fita.
 No ônibus também era permitido levar cachorrinhos, desde que ficassem no colo de seus donos.
 A mulher ficou incomodada com o cachimbo do seu vizinho, pois tinha alergia.
Solicitou ao sr. Klaus guardasse seu cachimbo. Ele, fazendo ouvidos moucos, continuou a soltar suas baforadas.
Não aguentando mais, a madame arrancou da boca do alemão o cachimbo e o atirou pela janela.
 Sr. Klaus, aborrecido, apanhou o cachorrinho do colo da mulher e o lançou também pela janela.
Furiosa, a dona começou a gritar, desesperada.
Impassivelmente, Sr. Klaus, no seu sotaque alemão, lhe disse, em alto e bom som: “Cachorro tua vai buscar cachimba meu”.
Geraldo de Castro Pereira


quarta-feira, 3 de maio de 2017

A imagem pode conter: 4 pessoas, pessoas em pé
Homenagem recebida na PUC-MINAS, ocasião em que proferi uma palestra para os alunos de Direito, juntamente com a Desembargadora Mônica Sette e o Desembargador Paulo Sifuentes, sob a coordenação do professor Diácono Dimas.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

PARALELAS 


BELCHIOR


Dentro do carro
Sobre o trevo
A cem por hora, ó meu amor
Só tens agora os carinhos do motor
E no escritório em que eu trabalho
e fico rico, quanto mais eu multiplico
Diminui o meu amor
Em cada luz de mercúrio
vejo a luz do teu olhar
Passas praças, viadutos
Nem te lembras de voltar, de voltar, de voltar
No Corcovado, quem abre os braços sou eu
Copacabana, esta semana, o mar sou eu
Como é perversa a juventude do meu coração
Que só entende o que é cruel, o que é paixão
E as paralelas dos pneus n'água das ruas
São duas estradas nuas
Em que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar
Abro a vidraça e grito, grito quando o carro passa
Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu.

OBS. HOMENAGEM AO GRANDE CANTOR E POETA BELCHIOR, QUE ONTEM FALECEU.