sábado, 4 de junho de 2016





A VOLTA   DAS   ANDORINHAS

 

Andorinha lá fora está dizendo:
— “Passei o dia à toa, à toa!”
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...

“MANUEL BANDEIRA”




 
 

Linda manhã! A frouxa luz da aurora

Vem colorir meu rosto de carmim.

Desafinados, os pardais lá fora

Já se alvoroçam num cantar sem fim.

 
Do leito eu me levanto com cuidado

E da janela espio a imensidão.

E de repente eu vejo um bando alado:

São andorinhas que chegando vão.

 
E como são garbosas e engraçadas,

Esvoaçando, ligeiras, aos  milhares!

São pequeninas setas arrojadas

Que vão ferir o coração dos ares.

 
Agora mesmo, qual graciosa flecha,

Uma passou, trissando uma canção.

Outra veloz as suas asas fecha

Fendendo o vento, quase rente ao chão.

 

A contemplá-las passo horas amenas...

Vieram de longe...dum país distante,

Talvez trazendo a dor em suas penas,

A saudade talvez de um grande amante.
 

Depois, retornarão ao seu destino,
Sem qualquer cerimônia ou despedida.

No ano que vem, num gesto repentino,
 
Outras virão para alegrar a vida.



 

Geraldo de Castro Pereira

 

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