segunda-feira, 2 de novembro de 2015




 

A   MOSCA  E  A  FORMIGA

 


 

A mosca se aproximou

De uma obreira formiga.

E começou a conversar

De uma forma nada amiga:

 

“Eu sou chique, uma fidalga -,

Detesto estes seres pobres.

Passeio por onde quero.

Sento-me à mesa dos nobres.

 

Entro nos templos sagrados,

Não me sujeito a leis.

Pouso no rosto das damas.

Frequento os tronos dos reis.

 

Não tenho que trabalhar,

Levo a vida em mordomia.

Já você, minha amiguinha,

Labuta de noite e dia”.

 

A formiga respondeu

Para aquela vil mosquinha:

“Não a invejo nenhum um pouco,

Você é muita mesquinha.

 

Todos a querem bem longe,

Por todos sempre enxotada.

Vive mais nas esterqueiras,

Numa imundície enojada.

 
Quando o frio se aproxima,

Gruda-se numa parede.

Fica ali toda mirrada,

Morrendo de fome e sede.

 
No entanto, eu, ao contrário,

Não importuno ninguém.

Tenho minhas provisões

Para viver muito bem.
 

 Não sou uma parasita,
Ser previdente eu procuro.

Eu trabalho sem descanso,
Preparando o meu futuro”.

 
Como moral da história,
Esta lição permanece:

“Não cessem de trabalhar,

Pois o trabalho enobrece”.

 

 

Fábula de Esopo, adaptada e versificada por mim.

 

Geraldo de Castro Pereira

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