segunda-feira, 25 de julho de 2016




EU VOU GRITAR

 

 

EU VOU GRITAR,

ENQUANTO TIVER VOZ.

EU VOU CANTAR, ENQUANTO TIVER VOZ.

MESMO QUE AS PESSOAS NÃO ME OUÇAM,

MESMO QUE AS PARCAS TAPEM MINHA BOCA,

MESMO QUE MINHA VOZ SE TORNE ROUCA,

EU VOU GRITAR.

 ASSIM, MESMO AFÔNICO,

ATÔNITO,

 CATATÔNICO,

DISTÔNICO,

EU VOU GRITAR.

 

E OS ECOS REPETIRÃO MINHA VOZ

PELOS PÁRAMOS DO INFINITO.

EU VOU GRITAR SEMPRE:

“VIVA A VIDA!”.

 

GERALDO DE CASTRO PEREIRA

 

 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

C A T A R S E






Quero engolir o meu pranto

Para que ninguém mais veja

Que nesta vida triste

Chorei tanto.


Quero espremer meu coração

Para que todas as lágrimas

Se escoam pelas minhas faces

Já tão descoradas.


Quero só alegria,

E que meus sorrisos

Sempre encontrem

No meu rosto

Sulcos de rugas

Cavadas

Pelo tempo vivido


Não quero mais dores,

Nem sofrimentos.

Quero apenas

Sentimentos-

Os mais positivos possíveis.


Quero viver todos os meus dias

Como se fossem os últimos!
 

Irei, de hoje em  diante,

Alijar o ódio,

Alijar a inveja,

Alijar a intriga,

Alijar a ambição,

Plantando só puras ideias,

Flores viçosas

e alegres melopeias

No meu coração.

 i
AUTOR: GERALDO DE CASTRO PEREIRA





segunda-feira, 18 de julho de 2016





DUAS   ALMAS

 

AUTOR: ALCEU WAMOSY

 

 

Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:

Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.

Vives sozinha sempre e nunca foste amada...

.

A neve anda a branquear lividamente a estrada,

e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.

Entra, ao menos até que as curvas do caminho

se banhem no esplendor nascente da alvorada.

.

E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa

essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,

podes partir de novo, ó nômade formosa!

.

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:

Há de ficar comigo uma saudade tua...

Hás de levar contigo uma saudade minha...

.

 

sexta-feira, 15 de julho de 2016


Um Sonho

 

Eugênio de  Castro   (poeta português)



Na messe , que enlourece, estremece a quermesse...
O sol, celestial girasol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo a fina flor dos fenos...

As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas,cítaras,sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em Suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves
Suaves...

Flor! enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol,o celestial girassol,esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos,Flor!à flor destes floridos fenos...

Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...

Como aqui se está bem!Além freme a quermesse...
- Não sentes um gemer dolente que esmorece?
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam,Flor!à flor dos frescos fenos...

As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas,cítaras,sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em Suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...

Esmaiece na messe o rumor da quermesse...
- Não ouves este ai que esmaiece e esmorece?
É um noivo a quem fugiu a Flor de olhos amenos,
E chora a sua morta,absorto,à flor dos fenos...

Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...

Penumbra de veludo . Esmorece a quermesse...
Sob o meu braço lasso o meu Lírio esmorece...
Beijo-lhe os boreais belos lábios amenos,
Beijo que freme e foge à flor dos flóreos fenos...

As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos ,
Cítolas,cítaras,sistros ,
Soam suaves , sonolentos ,
Sonolentos e suaves ,
Em Suaves ,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...

Teus lábios de cinábrio,entreabre-os!Da quermesse
O rumor amolece,esmaiece,esmorece...
Dê-me que eu beije os teus morenos e amenos
Peitos!Rolemos,Flor!à flor dos flóreos fenos...

Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...

Ah! não resista mais a meus ais!Da quermesse
O atroador clangor,o rumor esmorece...
Rolemos,ó morena!em contactos amenos!
- Vibram três tiros à florida flor dos fenos...

As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas,cítaras,sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em Suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...

Três da manhã.Desperto incerto...E essa quermesse?
E a Flor que sonho? e o sonho? Ah!tudo isso esmorece!
No meu quarto uma luz luz com lumes amenos,
Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos fenos...









 

segunda-feira, 11 de julho de 2016







UM   DIA   DE  ÍCARO
Nuvem azul
 

Capturei uma nuvenzinha azul

E nela subi aos ares.

Voei por astros nas alturas,

Sem acrofobia.

De longe, vi a terra pequenina como um grão de areia.

E as pessoas eu nem as distinguia.

 
Fiquei todo arrogante pela minha façanha.
 
Mas, não demorou muito:

A nuvem se transformou em chuva

E eu desabei com ela,

Todo encharcado de tristeza.

Embora nem asas de cera tivesse,

Nunca mais quis ser um Ícaro na vida.

 

 Geraldo de Castro Pereira.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

ALEGRIA NO FINAL DA SEMANA.


              VOCÊ SABIA?
 
 
         Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo.
>       Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.
>       Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou.
>      O que fazer agora?
>      A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor.
>      No dia seguinte, encontraram o melado azedo fermentado.
> Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo.
       Resultado:* o 'azedo' do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando e formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente.
   > Era a cachaça já formada que pingava. Daí o nome "PINGA'.
> Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores ardia muito, por isso deram o nome de *'ÁGUA-ARDENTE'.
   Caindo em seus rostos ,escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar.
> E sempre que queriam ficar alegres,repetiam o processo.

> *(História contada no Museu do Homem do Nordeste).*
>

quarta-feira, 6 de julho de 2016




                
C H O V E
 
Poema de Ana Cristina Cesar
 
 
A chuva cai.
Os telhados estão molhados,
Os pingos escorrem pelas vidraças.
O céu está branco,
O tempo está novo.
A cidade lavada.
A tarde entardece,
Sem o ciciar das cigarras,
Sem o jubilar dos pássaros,
Sem o sol, sem o céu.
Chove.
A chuva chove molhada,
No teto dos guarda-chuvas.
Chove.
A chuva chove ligeira,
Nos nossos olhos e molha.
O vento venta ventado,
Nos vidros que se embalançam,
Nas plantas que se desdobram.
Chove nas praias desertas,
Chove no mar que está cinza,
Chove no asfalto negro,
Chove nos corações.
Chove em cada alma,
Em cada refúgio chove;
E quando me olhaste em mim,
Com os olhos que me seguiam,
Enquanto a chuva caía
No meu coração chovia
A chuva do teu olhar.




Obs:                  Obs:esta poeta foi homenageada pela FLIT - Feira
Literária Internacional de Parati - neste ano. Leia Mais:http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,flip-vai-homenagear-ana-cristina-cesar-em-2016,10000001943Leia Mais:http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,flip-vai-homenagear-ana-cristina-cesar-em-2016,10000001943Feira inernacional de Para
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sábado, 2 de julho de 2016





 
Motivo

 

 CECÍLIA   MEIRELES

 

 Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.