sexta-feira, 28 de outubro de 2016





R U G A S

 

Autor: Geraldo de Castro Pereira

 

Não tires as rugas em meu rosto!

Por elas passearam muitos anos.

Alegrias e desenganos,

Sem rumo, comigo viajaram sem parar.

 

Não apagues as rugas do meu rosto,

Delas tenho orgulho,

Pois contam os anos que vivi.

São testemunhas de meus erros e acertos.

 

Não tires as rugas do meu rosto!

 

Se feias te parecem,

Então não as mires mais.

Não tires as rugas do meu rosto,

Porque muitas lágrimas elas choraram

E sorriram também.

E foram rasgadas a ferro e a fogo:

São as marcas do meu passado.

Afinal de contas, de que adianta tentares?

Nem conseguirás arrancar minhas rugas,

Porque se entranharam também

No âmago da minha alma!

quarta-feira, 19 de outubro de 2016





 

ADORMECIDA

 Castro Alves

 Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas!
"Virgem! — tu és a flor da minha vida!..."

sábado, 15 de outubro de 2016





D I A    D O   P R O F E S S O R




"No Brasil, o Dia do Professor é comemorado em 15 de outubro.

No dia 15 de outubro de 1827, Pedro I, Imperador do Brasil baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, "todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras". Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A ideia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida.

Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor.

Começou em São Paulo, em uma pequena escola no número 1520 da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como "Caetaninho". O longo período letivo do segundo semestre ia de 1 de junho a 15 de dezembro, com apenas dez dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a ideia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano.

O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, Piracicaba, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. A sugestão foi aceita e a comemoração teve presença maciça - inclusive dos pais. O discurso do professor Becker, além de ratificar a ideia de se manter na data um encontro anual, ficou famoso pela frase " Professor é profissão. Educador é missão". Com a participação dos professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko, a ideia estava lançada.

A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".

Fonte:  Wikipedia

quinta-feira, 13 de outubro de 2016





A   V Í R G U L A

 
Sobre a Vírgula (campanha dos 100 anos da ABI - Associação Brasileira de Imprensa):

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere...

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Onde deve ser colocada a vírgula?

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER, ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.
Se você for mulher, certamente colocará a vírgula depois de MULHER...
 Se você for homem, colocará a vírgula depois de TEM...

segunda-feira, 10 de outubro de 2016





 

O  PROBLEMA   DOS  CAMELOS
 

Este é o problema mais famoso de Malba Tahan, contado no seu livro "O Homem Que Calculava" – Editora Record, 1996. Abordando o tema frações, conta a história da divisão de uma herança de 35 camelos com muita engenhosidade. É um enigma encantador e surpreendente.

Atividade:

35 camelos
Beremiz, o homem que calculava, viajava com um amigo pelo deserto, ambos montados no mesmo camelo, quando encontraram três irmãos discutindo acaloradamente.
- Somos irmãos – disse o mais velho – e recebemos como herança esses 35 camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo receber a metade, o meu irmão do meio uma terça parte e o irmão caçula a nona parte dos animais. Não sabemos como dividir dessa forma 35 camelos e a cada partilha proposta segue-se a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e meio. Como fazer a divisão, se a terça parte e a nona parte de 35 também não são exatas?

- É muito simples – aparteou Beremiz. – Encarrego-me de fazer com justiça essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos este belo animal do meu amigo.
E, voltando-se para o irmão mais velho, falou:

- Deverias receber, meu amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio. Receberás a metade de 36, isto é, 18. Nada tens a reclamar, pois saíste lucrando com esta divisão!

E, dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou:

- E tu, deverias receber um terço de 35, isto é, 11 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é, 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com lucro na transação.

E disse, por fim, ao mais moço:
- E tu, deverias receber uma nona parte de 35, isto é, 3 e tanto. Vais receber uma nona parte de 36, isto é, 4. O teu lucro foi igualmente notável.
E concluiu com a maior segurança e serenidade:
- Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um resultado (18+12+4) de 34 camelos. Dos 36 camelos sobram dois. Um pertence ao meu amigo, outro toca por direito a mim, por ter resolvido o complicado problema da herança.
- Sois inteligente! – exclamou o mais velho – Aceitamos a vossa partilha na certeza de que foi feita com justiça e equidade!

quarta-feira, 5 de outubro de 2016


O CEGO E SEU COMPANHEIRO DE HOSPITAL

 

Dois enfermos dividiam

Um quarto no hospital.

A cama de um era perto

Da janela principal.

 

A cama do outro enfermo

Era bem mais afastada.

Além disso, sua perna

Tinha sido amputada.

 

O outro lá na janela,

Folgado, se debruçava.

E ao amigo as belezas

Da paisagem ele narrava.

 

Mas, um dia aconteceu

Uma lamentável sina:

O homem lá da janela

Teve morte repentina.

 

O enfermo sobrevivente,

Tristonho e ali sozinho,

Pediu pra por sua cama

Da janela bem pertinho.

 

Dali ele poderia

Apreciar a vista bela

Que seu amigo narrava

Quando estava na janela.

 

Quando olhou para a janela,

Teve um grande sobressalto:

Não havia paisagem,

Mas só um muro bem alto.

 

Perguntou logo à servente,

Que vinha da enfermaria:

-“Onde está a paisagem

Que meu companheiro via?

 

Onde estão as lindas flores,

E o céu todo azulado,

O bando de passarinhos

Chilreando no gramado?

 

Onde estão o ipê florido,

A brisa beijando a aurora,

E o sol colorindo as nuvens?

Nada disso eu vejo agora”.

 

A moça então respondeu,

Pensativa e comovida:

“Seu companheiro era um cego.

Nunca enxergou na vida”.

 

(baseado em mensagem recebida).

Geraldo de Castro Pereira