quarta-feira, 2 de março de 2016


                            

                         
LENDA DA MULA- SEM-CABEÇA
 



Quando eu era uma criança,
(Ai, tempos que longe vão!),
Uma tia me contava
“Estórias” de assombração.

 A da mula-sem-cabeça
Assustava-me demais.
Nesse tempo eu morava
Na fazenda com meus pais.

Muitas vezes nem dormia,
Com o bicho tinha sonho.
Minha tia descrevia
Esse animal medonho.
 
Segundo ela, uma mulher
Com um padre se engraçou.
Tal romance na cidade
Para o povo se espalhou.

Como castigo terrível
Para esta mulher travessa,
Foi a mesma transformada
Numa mula-sem-cabeça.
A mula andava nos matos
Sempre, sempre a trotar.
Das suas ventas saía
Um fogaréu, sem parar.
Eu, embora uma criança,
Perguntava à minha tia:
“Se a mula é sem cabeça,
Ter narina ela podia?”

 A tia se aborrecia
Com essa minha tirada:
“Não atrapalhe a “estória”!  
É assim que ela é contada”.

Geraldo de Castro Pereira



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