quarta-feira, 30 de novembro de 2016







ONDAS DO MAR


Da relva tenra e macia,
Ali deitado a sonhar,
Contemplo, maravilhado,
As verdes ondas do mar.

Elas vão e voltam sempre!
Elas vão e voltam , vede!
E quase sempre não param,
Como um balanço de rede.

Algumas morrem na praia
Outras vem em seu lugar.
Com suas espumas brancas
Se dissolvendo no ar.

E quando todas se encrespam,
Parece não terem medo,
Mas, logo se despedaçam
De encontro a um rochedo

Vem, ó brisa, levemente
Beijar as ondas do mar!
Para mim és melodia
Que não canso de escutar.

Vinde, ondas, ide marolas,
Neste vai-e-vem sem fim,
Levai bem longe a tristeza
Que mora dentro de mim.

 

Geraldo de Castro Pereira

quinta-feira, 24 de novembro de 2016



                        GRAVIDEZ PSICOLÓGICA




    Maria das Dores Garcia , apesar das dores, era uma mulher forte. Criou sozinha seu filho Tadeu.O marido a abandonou com apenas dois anos de casados.
   Teve vários empregos. Foi doméstica, vendedora de livros, balconista em lojas de roupas.Sacoleira, fez várias viagens ao Paraguai, sendo, inclusive, presa em uma de suas excursões ao passar pela Ponte da Amizade, por suspeita de sonegação fiscal.

   Conseguiu educar seu filho. Ele se tornou um homem de bem, bom filho e culto. Formou-se em Direito É um advogado lutador e já consegue pagar suas próprias contas e ainda ajuda sua mãe nas despesas.
   Das Dores, numa noite em que estava tranqüila assistindo às suas novelas, recebeu um telefonema de sua melhor amiga, de nome Soraia, convidando-a para uma festa. Depois de muita insistência da colega, resolveu ir. Arrumou-se toda, colocou seus brincos de ouro que havia herdado de sua mãe, pôs um vestido sensual combinando com seus sapatos novos. Tinha um corpo bonito, nem gorda nem magra.
   Já estava com seus quarenta e sete anos. Aparentava ser mais nova de idade..
Daí a pouco, sua amiga buzinou e ela desceu.
Soraia morava num apartamento de dois quartos no sétimo andar de um prédio de classe média.
   A casa estava cheia de convidados.Das dores apresentada a várias pessoas. De repente, quando estava tomando uma deliciosa batida de coco, aproximou-se dela um senhor elegante, moreno claro, cabelos grisalhos, bem vestido, mais alto que ela. Seu nome: Roberto. E ali travaram uma conversa longa. Dançaram juntos, de rostinho colado. Ele lhe contou que era viúvo, tinha uma filha de vinte anos, morando sozinha num apart-hotel e ele no centro da cidade.Das Dores, por sua vez, lhe narrou toda sua vida.
   Ao término da festa, Roberto se ofereceu para levá-la em casa. Bem receosa, acabou aceitando a carona. Na porta do seu prédio , ali mesmo se despediram. Antes, trocaram números de telefone.
No dia seguinte, Roberto, ansioso, ligou para ela. Convidou-a para ir a um cinema. Convite aceito.
Começaram a namorar. Ele, apaixonado, recitava versos para ela. E até se lembrou de uma quadrinha que aprendera havia vários anos:”Três Marias, três amores, passaram pelos meus dias: ficou Maria das Dores, a dor maior das Marias.”
   Ao cabo de um ano de namoro, foram morar juntos. Ela se mudou para o apartamento dele. Formavam um casal bem unido. Os filhos da cada um se tornaram amigos.
Uma noite, depois de terem feito amor, Das Dores disse ao companheiro: “queria tanto ter outro filho! Mas, já tenho quarenta e sete anos e minha ginecologista me disse seria muito perigoso eu me engravidar nessa idade.”
   Roberto levou aquele susto. Eles transavam sem camisinha. Mas, ficou sossegado, após uma conversa com um médico, amigo seu.”Fique tranquilo, Beto.Dificilmente ela vai se engravidar. E se isto acontecer, ou ela ou a criança corre perigo de vida ”.
E lhe explicou todas as implicações da gravidez na faixa etária de sua companheira.
Após dois meses daquela conversa, Das Dores parou de menstruar. Começou a sentir náuseas. Percebia nitidamente algo em seu ventre a se mexer. Seus seios se intumesceram. Pensou: “estou mesmo grávida”.
    Esfuziante de alegria, contou a novidade para o companheiro. Ele, meio incrédulo, lhe disse: ”você tem quer ir à ginecologista e fazer exames”. Ela retrucou: “não precisa agora. Sei que estou grávida mesmo”.
    Passados dois meses daquela confidência, resolveu ir à sua ginecologista. Fez o ultrassom. Resultado: não estava grávida. Não se deu por vencida. Submeteu-se a outro exame com médico diferente. O mesmo resultado.
Então, perguntou à ginecologista: “como pode ser? Senti náuseas, minha menstruação parou de vir. Percebi até o feto se mexendo!"
Serena, sua médica lhe disse: “você pensa estar grávida: isto se chama gavidez psicológica. Logo, virá sua menstruação.”
    Não deu outra: naquela mesma noite, ao ir ao banheiro, sentiu um líquido a lhe escorrer pelas pernas. Pensou positivamente: “tomara seja urina”. Mas, seu sonho, juntamente com o sangue menstrual, se esvaiu pela descarga do vaso sanitário.


 Crônica de Geraldo de Castro Pereira

sábado, 19 de novembro de 2016





Limpe seus rins. Eles lhe retribuirão.

Os anos passam e nossos rins vão filtrando nosso sangue para remover o sal e outros intoxicantes que entram no organismo. Com o tempo, o sal se acumula e precisamos de uma limpeza.
Como fazer isso? De um modo simples e barato.

 Pegue um maço de salsa e lave bem. Corte bem picadinho e ponha em uma vasilha com água limpa. Ferva por 10 minutos e deixe esfriar. Coe, ponha em uma jarra com tampa e guarde na geladeira. Beba um copo todos os dias, e você vai perceber que o sal e outros venenos acumulados nos rins saem na urina. Você vai notar a diferença.

 Há muitos anos, a salsa é reconhecida como o melhor tratamento de limpeza dos rins. E é um remédio natural!

 A salsa é uma das ervas com propriedades terapêuticas menos reconhecidas. Ela contém mais vitamina C do que qualquer outro vegetal da nossa culinária (166mg por 100g). Isto é três vezes mais que a laranja. A salsa contém também ferro (5.5mg /100g), magnésio (2.7mg / 100g), cálcio (245mg / 100g) e potássio (1mg / 100g), sendo recomendada para pedra nos rins, reumatismo e cólica menstrual. Sua alta concentração de vitamina C ajuda na absorção de ferro. O suco de salsa, sendo uma bebida natural, pode ser tomado misturado com outros sucos, 3 vezes ao dia. As folhas podem ser mantidas no congelador, e seu uso é recomendado na culinária diária, pois, além de saudáveis, dão ótimo sabor a qualquer receita.

MUITO BOM PARA HIPERTENSOS.

(mensagem recebida por e-mail)

segunda-feira, 14 de novembro de 2016







 O  MEDO CAUSADO PELA INTELIGÊNCIA

 

 

     Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estreia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembleia de vedetes políticas.

     O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal:

     "Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável. Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta."

     E ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil. A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência. Isso na Inglaterra. Imaginem aqui no Brasil.

    Não é demais lembrar a famosa trova de Antônio Alexo, poeta português:

    Há tantos burros mandando
    Em homens de inteligência
    Que às vezes fico pensando
    Que a burrice é uma Ciência

    Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições. Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder. Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar. Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos.

    Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do Elogio da Loucura de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir de burra se quiser vencer na vida. É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social. Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota automaticamente a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência, por medo de perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar.

   Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas, enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender. É um paradoxo angustiante.

   Infelizmente, temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida.

   Como é sábio o velho conselho de Nélson Rodrigues: "finge-te de idiota e terás o céu e a terra".

  O problema é que os inteligentes gostam de brilhar. Que Deus os proteja.
  Outro problema é que nem sempre o poder é fruto da inteligência e o mundo vai de mal a pior.  
  Que Deus nos proteja.”

(Texto enviado a mim por e-mail. Não se sabe qual o autor).

 

sábado, 5 de novembro de 2016




A  VOZ    DO   MAR

 

 Geraldo Carneiro

 

na nave língua em que me navego
só me navego eu nave sendo língua
ou me navego em língua, nave e ave.
eu sol me esplendo sendo sonhador
eu esplendor espelho especiaria
eu navegante, o anti-navegador
de Moçambiques, Goas, Calecutes,
eu que dobrei o Cabo da Esperança
desinventei o Cabo das Tormentas,
eu desde sempre agora nunca mais
cultivo a miração das minhas ilhas.
eu que inventei o vento e a Taprobana,
a ilha que só existe na ilusão,
a que não há, talvez Ceilão, sei lá,
só sei que fui e nunca mais voltei
me derramei e me mudei em mar;
só sei que me morri de tanto amar
na aventura das velas caravelas
em todas as saudades de aquém-mar.



 NOTA: homenagem que presto ao poeta, compositor e roteirista Geraldo Carneiro, de 64 anos,que foi eleito recentemente para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 24, que pertencia ao acadêmico e teatrólogo Sábato Magaldi  Geraldo Carneiro é mineiro, nascido em Belo Horizonte. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2016






 ALVORADA  DO  AMOR

 

OLAVO BILAC

 

Um horror grande e mudo, um silêncio profundo
No dia do Pecado amortalhava o mundo.
E Adão, vendo fechar-se a porta do Éden, vendo
Que Eva olhava o deserto e hesitava tremendo,


Disse:"Chega-te a mim! entra no meu amor,
E à minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
Abençoo o teu crime, acolho o teu desgosto,
Bebo-te, de uma em uma, as lágrimas do rosto!

Vê! tudo nos repele! a toda a criação
Sacode o mesmo horror e a mesma indignação...
A cólera de Deus torce as árvores, cresta
Como um tufão de fogo o seio da floresta,
Abre a terra em vulcões, encrespa a água dos rios;
As estrelas estão cheias de calafrios;
Ruge soturno o mar; turva-se hediondo o céu...

Vamos! que importa Deus? Desata, como um véu,
Sobre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chão; rasguem-te a pele os ramos;
Morda-te o corpo o sol; injuriem-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
E, vendo-te a sangrar das urzes através,
Se emaranhem no chão as serpes aos teus pés...
Que importa? o Amor, botão apenas entreaberto,
Ilumina o degredo e perfuma o deserto!
Amo-te! sou feliz! porque, do Éden perdido,
Levo tudo, levando o teu corpo querido!

Pode, em redor de ti, tudo se aniquilar:
- Tudo renascerá cantando ao teu olhar,
Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,
Porque a Vida perpétua arde em tuas entranhas!
Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
E se, em torno ao teu corpo encantador e nu,
Tudo morrer, que importa? A Natureza és tu,
Agora que és mulher, agora que pecaste!

Ah! bendito o momento em que me revelaste
O amor com o teu pecado, e a vida com o teu crime!
Porque, livre de Deus, redimido e sublime,
Homem fico, na terra, à luz dos olhos teus,
- Terra, melhor que o céu! homem, maior que Deus!"