terça-feira, 29 de dezembro de 2015



            " SINTO  VERGONHA  DE  MIM"

               Embora o texto de Cleide Canton (que muitos erradamente atribuem a Rui Barbosa) seja muito conhecido e badalado, ouso transcrevê-lo aqui, por ser muito atual. Estamos vivendo momentos de descrença nas nossas instituições, nos nossos políticos e em outros segmentos da sociedade, em razão da generalizada corrupção daqueles que deveriam ser exemplos de honestidade.
             Sem mais delongas, eis o texto:



"SINTO VERGONHA DE MIM

Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade, e por ver este povo já chamado varonil, enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o ‘eu’ feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer…
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor, ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo!


Cleide Canton



domingo, 27 de dezembro de 2015





            
Soneto de separação  - Autor: Vinicius de Moraes




De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015


  SONETO DE NATAL - AUTOR: MACHADO DE ASSIS


   Para comemorar o dia de hoje, posto aqui o conhecido soneto de Machado de Assis. Será que nós estamos mudando ou o Natal que não é mais o de outrora?
Acho que está havendo desvirtuamento do dia de Natal. As pessoas se esquecem de que o principal personagem do Natal é o Menino Jesus que nasceu em Belém numa grande pobreza. Infelizmente, o Natal está virando apenas comércio. E o personagem mais cultuado é o Papai Noel e não Jesus.
Daí, a perplexidade do poeta:"mudaria o Natal ou mudei eu?"
 

Eis o poema:




Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,


 

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.


 

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.


 
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"


 

 


terça-feira, 22 de dezembro de 2015





STRUGLE FOR LIFE




Nesta monótona vida,

Que discernir não sei,

Num louco rodamoinho

Seres invisíveis

Tateiam
 
E titubeiam

 Ao léu.

E, num frenético desafio,

A vida  corre num fio

E quase morre

De inanição.

E bem no fundo

De uma fossa funda

Mais se afunda

Meu coração.

Geraldo de Castro Pereira

                 

domingo, 20 de dezembro de 2015




A   ÁGUIA,  A   GATA   E   A   JAVALINA

 

 

Bem no alto de um carvalho
A águia fez o seu ninho

Para ter os seus filhotes,

Com muito amor e carinho.

 
Mas, em uma cavidade
Daquela árvore frondosa

Uma gata colocou

Sua prole numerosa.

 Uma bela javalina,
- Dos bosques uma hospedeira - ,

Também pariu seus bebês

Ao lado de uma azinheira.

 
A gata, bem temerosa
De perder o seu abrigo,

Armou o seguinte plano
Para afastar o perigo:

 
Pelo tronco do carvalho

Foi subindo de improviso.
Abordou a pobre águia,

Dando-lhe o seguinte aviso:

“Olha, a dona javalina
Vai nos dar muito trabalho.

Cava a terra todo o dia,
Vai derrubar o carvalho.

 
Ela pode nos matar,

É um animal feroz!
É capaz de nos causar

Uma catástrofe atroz”.

Não contente com seu feito,
Espalhando mais terror,

Foi atrás da javalina
E lhe disse com vigor:

 
“Oh, comadre javalina,

Não saia do seu covil.
Cuidado com seus filhinhos,

Pois a águia é muito vil”.

Com todo esse terrorismo,
A gata ficou feliz.

A águia pousou num ramo,
Não caindo por um triz.

 
E ali ficou muito tempo,
Toda magrinha e franzina.

Não retornou ao seu ninho,
Com medo da javalina.

 
Da toca não saiu mais
A javalina assombrada.

A pobre morreu de fome,
Com toda a sua ninhada.

 
Como moral da história,

Ouçam bem esta lição:
“Enquanto existir o tolo,

Os espertos lucrarão”.

 
Fábula de Fedro, adaptada e versificada por mim - - Da minha obra “Fábulas Di-versificadas -Ed. Protexto

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015





          
CONSELHOS DO MÉDICO PAULO ANDRÉ CHENSO:

NA SAÚDE:

 1 –beba muita água;

2 – coma mais o que nasce em plantas e árvores;

3 – viva com os três E´s: energia,entusiasmo e empatia;

4 – arranje trinta minutos por dia para orar sozinho;

5 – faça atividades que ativem seu cérebro;

6 – leia mais livros;

7 – sente-se em silêncio, pelos menos dez minutos por dia;

8 -  durma oito horas por dia;

9 – faça caminhada de 20 minutos a 60 minutos, por dia e, enquanto caminhar, sorria;

 

NA PERSONALIDADE:

 11 – Não compare a sua vida com a dos outros;

12 –não tenha pensamentos negativos;

13 – não se exceda;

14 – não se torne demasiadamente sério;

15 - não desperdice sua vida com fofocas;

16 – sonhe mais;

17 –  inveja é uma perda de tempo. Agradeça a Deus pelo que possui...

18 – esqueça as questões do passado. Jesus já jogou no mar do esquecimento. Faça o mesmo.

19 – a vida é curta para se odiar alguém. Perdoe;

20 –faça as pazes com o passado para não estragar o seu presente;

21 – ninguém comanda a sua felicidade, a não ser você;

22 – a vida é uma escola e você está nela para aprender.Não fique repetindo o ano;

23 –sorria e gargalhe mais;

24 –não necessite ganhar todas as discussões. Saber perder.

 

NA SOCIEDADE:

25 – entre mais em contato com sua família;

26 – dê algo de bom aos outros, diariamente;

27 – perdoe a todos por tudo;

28 – passe tempo com pessoas acima de 70 anos e abaixo de 6;

29 – tente fazer sorrir pelo menos três pessoas por dia;

30 – não se importe com que as outras pessoas pensem de você;

31 – o seu trabalho não tomará conta de você quando estiver doente. Não se estresse;

 
No DIA A DIA:

 32 – faça o que é correto;

33 – desfaça-se do que não é útil;

34 - lembre-se: Deus cura tudo;

35 – por melhor ou pior que a situação seja, ela mudará. Tudo passa;

36 – não interessa como se sente: levante-se, arrume-se e apareça;

37 – o melhor ainda está por vir;

38 – quando acordar pela manhã, agradeça a Deus por estar vivo;

39 – mantenha seu coração sempre feliz;

POR ÚLTIMO:

40 – Que tal enviar tais conselhos para aqueles de quem você gosta?

 

 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015




                    
A   COTOVIA   E  A   RAPOSA

 

 

 

Uma bela cotovia,

Ao ver uma raposinha,

Voou um pouco mais alto,

Com receio da vizinha.

 
A raposa então lhe disse:

“Não precisas ter cuidado.

Alimento não me falta,

Tenho muito aqui no prado.

 
Olha em volta para veres.

Estou falando a verdade:

Gafanhotos, escaravelhos

E grilos em quantidade.

 
Por causa de teus costumes

E uma vida muito honesta,

Eu te amo mais que todas

As aves desta floresta”.

 
Respondeu-lhe a cotovia,

A tremer, soltando um pio:

“Tu sabes me elogiar,

Mas em ti eu não confio.

 
Eu não sou igual a ti.

No campo tu tens mais sorte.

Mas, se pudesses voar,

Verias quem é mais forte’.

 

Como lição de moral,

A todos eu admoesto:

“Não devemos confiar

Em alguém que é desonesto”.

 
Fábula de Fedro, adaptada e versificada por mim , extraída do meu livro “Fábulas Di-versificadas” – Editora Protexto.”

Geraldo de Castro Pereira.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

                                   

                           
















                              Discurso de posse na AULE – ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS - MG


     Exmo. Sr. Presidente da Academia Ubaense de Letras, Doutor Marum Salum Alexander, demais componentes da mesa,
     Caros acadêmicos,
     
      Senhoras e Senhores:


                Fico deveras honrado em fazer parte dessa conceituada Academia de Letras, como membro correspondente.
               Embora atualmente resida no Espírito Santo, sou mineiro, nascido numa cidade distante daqui: Santa Maria do Suaçui-MG.
              Tive o privilégio de cursar Direito na Faculdade Mineira de Direito, da Universidade Católica de Minas Gerais, ao lado do brilhante , culto e ilustre presidente dessa Casa, Dr. Marum Salum Alexander.
               Embora tenha residido em vários estados da Federação, meu coração sempre ficou preso em Minas Gerais.
               E agora, estou feliz por pertencer a essa Academia de Letras, em meu Estado, nessa maravilhosa cidade de Ubá, celeiro de grandes intelectuais e artistas, podendo, dentre muitos, citar Ari Barroso, que ocupou inúmeros cargos públicos, poeta e grande compositor de famosas peças musicais, como “Aquarela do Brasil "Baixa do Sapateiro”, "Quindins de Iaiá", "Rancho Fundo" e de dezenas de outras canções que se espalharam pelo Brasil e pelo mundo inteiro.
              E aqui, diante de mim, vejo o ilustre presidente da AULE, Marum Salum Alexander, que, desde muitos anos, é meu conhecido e amigo. Grande incentivador da cultura, não só em Ubá, mas também por este Brasil a fora.
   Além de advogado, é um grande maestro e um tenor de escol.
             Muitas vezes, entro na internet e vou à página do Youtube me deliciar com as interpretações musicais de Marum Alexander, dentre as quais menciono “Brindisi”, Nessum Dorma”, ”La Dona è móbile”, “Ave Maria”, de Gounod, e outras tantas, nada devendo aos grandes intérpretes do canto lírico do mundo.
   Não quero me alongar em elogios ao ilustre ubaense  Marum Alexander, porque V.Sas. já conhecem, de sobejo, suas qualidades. Apenas, acrescentarei que Dr.Marum vem contradizer um dos conhecidos provérbios: ”ninguém é profeta em sua terra”. Dr. Marum, sim, é reconhecidamente um profeta das artes, um patrimônio cultural de sua terra natal, como antes já afirmou um inspirado conterrâneo dele, o jornalista Ricardo Nacif Njaim, em um artigo publicado na Usina das Letras.
              À mesa , está o eminente Desembargador,  José Altivo Brandão Teixeira,  Presidente do Conselho Consultivo da AULE, a quem tive a honra de conhecer por meio do Dr.Marum, e a cuja posse como Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais eu compareci. Sei também das suas qualidades literárias, como poeta e escritor.Fico pensando como o Desembargador José Altivo, quando na ativa, conseguia dividir tão bem seu tempo entre a Magistratura e as atividades literárias. Certamente, é um fiel seguidor do lema dessa Academia “Nulla dies sine linea’ – Nem um dia sem que ele exerça sua verve de escritor.
               E fico emocionado de ter recebido das mãos dele o diploma de Membro Correspondente da AULE – Academia Ubaense de Letras.Muito obrigado!
               Cumprimento também a Acadêmica Amélia Martha Trajano Girardi, pela diplomação como Membro Emérito da Academia Ubaense de Letras.
               Não irei aqui abordar assuntos referentes à crise política que estamos atravessando e os desastres ecológicos que estão acontecendo, principalmente aqui em Minas Gerais, atingindo também o Estado do Espírito Santo, tudo devido à ganância dos que querem enriquecer-se a qualquer custo, embora seja consciente de que os poetas, os escritores, os artistas, em geral, não podem ficar à margem dos acontecimentos que os rodeiam, pois afinal, são eles formadores de opinião.
Muitas vezes, dá-nos vontade de abandonar o barco ou ir para  u lugar distante, talvez para Pasárgada, como pretendia Manuel Bandeira. Mas, não, mil vezes não!

              Quero também cumprimentar e agradecer a todos os acadêmicos da AULE, por me acolherem, com carinho, nesta maravilhosa cidade de Ubá e me aceitarem como membro correspondente. Cumprimento também meu ilustre confrade, o Doutor  Cornélio Zampier Teixeira, que comigo hoje também toma posse.
   Finalmente, quero agradecer a presença de meus familiares e da Dra. Ivete Flores Catta Preta Ramos, e de todas aquelas pessoas que aqui vieram nos prestigiar nesta solenidade.
  E assim, termino meu agradecimento, seguindo um dos parâmetros que sempre tive ao falar em público: “Esto brevis et placebis" - Sê breve e agradarás.

             Meu muito obrigado.

              Geraldo de Castro Pereira




quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

youtube







               
A  SERPENTE  E  A  LIMA  DE  AÇO

 

 

Na oficina de um ferreiro

Uma serpente atrevida

Foi entrando, pressurosa,

À procura de comida.

 
Farejou por toda a parte,

Farejou até o vento.

Porém, não encontrou nada,

Nenhum resto de alimento.

 
Então, não tendo outro jeito,

Numa velha lima de aço
Cravou sua aguda presa.

Isto foi o seu fracasso

 
Disse a lima, com sarcasmo:
“Ó, estúpida serpente:

Se eu limo o próprio ferro,
Como não quebrar teu dente?

 

Como lição desta fábula,
Digo a você, meu amigo:

“Quem não vê o que está fazendo,
Pode enfrentar um perigo”.

 

Obs: Fábula de Fedro, extraída do meu livro  “Fábulas Di-versificadas” – Editora Protexto.

Geraldo de Castro Pereira.

 

 

 

domingo, 29 de novembro de 2015





                             
A   PANTERA    E    OS    PASTORES

 Shepherd and his flock stock photo

 

Despencous-se numa cova
Certa vez uma pantera.

Muitos pastores a viram

E a deixaram uma fera.

 
É que muitos se juntaram
Ali perto, como maus,

Pois lançaram contra ela
Pedras, pedaços de paus.

 
Mas, outros pastores, dela

Amenizando o sofrimento,
Em lugar de a maltratarem,

Jogaram-lhe alimento.

 
Sobreveio a noite fria.

E todos foram-se embora.
Julgavam achá-la morta

Talvez ao romper da aurora.

 
Contudo, aquela pantera
Saíra dali ilesa.

Conseguira escapar-se,
Usando sua destreza.

 
Decorridos poucos dias,

A pantera se vingou

Daqueles que a maltrataram
Quando na cova ficou.

 
Trucidou os maus pastores,
Devastando tudo em volta.

Faminta, comeu as reses,
Com ódio e  muita revolta.

 
O animal então falou

Com  os outros bons pastores:
“Pouparei as vossas vidas,

Pois vós sois meus benfeitores”.

 
Que poderemos dizer

Da fera e sua atitude?
“É que os bons são compensados

Ao agirem com virtude”.”.

 

Fábula de Fedro,  por mim versificada e extraída do meu livro “Fábulas Di-versificadas” – Editora Protexto.

 
Geraldo de Castor Pereira.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015




UM JUMENTO E UM VELHO PASTOR.







Certa vez, sagaz velhinho,

Já doente e alquebrado,

Apascentava um jumento

Com muito carinho e cuidado.

Temeroso e estarrecido
Com tamanha corrupção

Nos governos anarquistas,

Ao jumento disse então:



“As eleições estão próximas,

Oh animal belo e bruto!

Pode aqui se instalar

Mais um governo corrupto.

Para não sofreres tanto,
Caindo prisioneiro,

Fujas logo pra bem longe,
Vá depressa, bem ligeiro”.

O jumento deu de ombros
Para aquela advertência.

Respondeu ao protetor
Nestes termos, com veemência:

“Irão mudar meu destino?
Que me prendam, eu não ligo.

Continuarei sempre escravo:
Só mudarei de inimigo!”

Que moral nós tiraremos
Desta fábula tão forte?

“A alternância de um governo
Não muda de um povo a sorte”.


Obs: Fábula de Fedro, extraída do meu livro “Fábulas Di-versificadas” – Editora Protexto.

Geraldo de Castro Pereira

                  

domingo, 22 de novembro de 2015


O  PARDAL,  A LEBRE  E  A  ÁGUIA.





A lebre foi apanhada
Pela águia, sem piedade.
O pardal, que viu aquilo,
Foi dizendo com maldade:
=“Dona lebre, onde está
Tua grande ligeireza?
Como deixaste que a águia
Te pegasse de surpresa?”

Mal terminou sua fala,
A ave foi surpreendida
Pela águia esfaimada,
Que lhe foi tirando a vida.

Quase morta, a lebre disse
Essa lição verdadeira:
“Quem se julgava seguro,
Sucumbiu de igual maneira”.


(Fábula de Fedro, extraída do meu livro: “Fábulas Di-versificadas” – Editora Protexto) 


Geraldo de Castro Pereira



quinta-feira, 19 de novembro de 2015




                   O   LOBO  E   O  GROU








Um lobo, muito guloso,
Comendo feito um danado,
Em sua imensa garganta
Teve um osso atravessado.

Ficou todo apavorado,
Pensando que ia morrer.
Procurou cada animal,
Para logo o socorrer.

Mas, numa assembleia deles,
Quem ficou com a missão
Foi o grou, por ter pescoço
De tão grande proporção.

O lobo então prometeu,
- E fazendo um juramento - ,
Não atentar contra a vida
Do grou naquele momento.

O grou, muito confiante,
Enfiou o seu pescoço
Na goela do lobo aflito
E arrancou o enorme osso.

Mas, muito ganancioso,
Vendo o logo satisfeito,
Pediu uma recompensa
Pelo êxito do seu feito.

“Ingrato” –rosnou o lobo,
Entreabrindo a boca imensa:
“Da morte tu  escapaste.
Ainda pedes recompensa?’

Dessa fábula se extrai
Uma preciosa moral:
“Quem  faz bem a um malfeitor,
Pode muito se dar mal”.


Fábula por mim adaptada e versificada, extraída do meu livro “Fábulas Di-versificadas” – Editora  Protexto.

Geraldo de Castro Pereira

domingo, 15 de novembro de 2015



                  
O HOMEM, O MENINO  E  O BURRO

 

 

Um homem simples da roça,
Já com uma certa idade,

Foi vender o seu burrinho

Lá na feira da cidade.

 
Chamou seu filho pequeno,
-Seu companHEIRO leal_ .

Caminharam lado a lado,

Puxando aquele animal,

 
Ao passarem bem pertinho
De um barZINHO DE estrada,

Três homeNS que ali estavam,
Deram sonora risada:

 
“Como pode”, -eles disseram -,

Haver tanta estupidez?
Por que não montam no burro

Os dois juntos, de uma vez?"

 
aPÓs aquela chacota,
O homem pôs o filhinho

No lombo daquele burro
E seguiram seu caminho.


Mais adiante, numa ponte,
Encontraram um casal.

A mulher, ao ver a cena,

Falou com ar magistral:

 
“Como pode uma criança
tão sadia, ir montada,

Enquanto seu velho pai
Vai a pé por esta estrada?”

 

O homem tirou seu filho
E Foi montar no burrinho.

Ao passar por uma escola,
Escutou um burburinho.

 
Os alunos o cercaram.

Gritou o mais exaltado:
“O menino está a pé

E um homem forte montado!

O senhor não se envergonha
De tão grande covardia?”

O homem ouviu, calado,
O que o rapaz dizia.

 
Chamou depressa o menino
para no asno montar.

SeguiraM SUA VIAGEM,
aGORA BEM DEVAGAR.

 
E qUANDO ESTAVAM CHEGANDO

À FEIRINHA DA CIDADE,
dAS JANELAS UNS GRITAVAM:

“qUE MALDADE! qUE MALDADE!


dUAS PESSOAS MONTADAS
nUM POBRE BURRO CANSADO:

uM garoto TÃO SADIO
e UM SENHOR muito folgado!”

 
o HOMEM, OUVINDO AQUILO,
aPEOU COM O MENINO.

e PÔS O BURRO NAS COSTAS.

CHEGaram AO SEU DESTINO.

 
cOMO MORAL DA HISTÓRIA,

eSTA LIÇÃO NOS CONVÉM:
“qUEM QUER AGRADAR A TODOS,

nÃO AGRADARÁ NINGUÉM”.

 
oBS: fÁBULA ADAPTADA E VERSIFiCADA POR MIM.

 

gERALDO DE CASTRO PEREIRA.