segunda-feira, 30 de março de 2015
LASCIATE OGNI SPERANZA
Subi no batel da vida.
Remando, remando sem cessar.
Apenas via o céu e o mar.
A lua fascinante brilhava,
Lançando em meu rosto
A poeira de seus raios.
E eu seguia em frente,
Cantando e ouvindo
Em ritmo acelerado
Músicas do passado
De uma orquestra invisível.
De repente,
Tudo emudeceu.
Vi-me soçobrando
Num báratro sem fundo.
Negra mão cobriu-me o rosto;
Escorreu-se-me um suor frio.
Depois de um calafrio,
Meus olhos se destamparam
E uma visão dantesca,
Como um fantasma macabro,
Dançou à minha frente
Dizendo-me assim mesmo:
‘Deixa toda a esperança,.
E a tudo dê adeus”.
Geraldo de Castro Pereira
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A poesia como toda expressão artística reproduz de alguma forma o momento, o contexto em que foi inspirada. Em “LASCIATE OGNI SPERANZA” o poeta Geraldo Castro através de uma construção simbólica nos revela aspectos especiais dessa autoria. Utiliza de elementos figurativos como o mar, a lua para descrever um passado estagnado nas lembranças, também representado através de figuras como música, ritmo e orquestra.
ResponderExcluirPara construir algo o novo, vida nova foi preciso dar um corte no passado, ou naquilo que representa o passado (“E eu seguia em frente, / Cantando e ouvindo/ Em ritmo acelerado / Músicas do passado/ De uma orquestra invisível)”. E para romper com o passado ele traz a figura da morte como símbolo de transformação: “Negra mão cobriu-me o rosto” ...
É interessante observar os elementos contraditórios dessas figuras simbólicas em “LASCIATE OGNI SPERANZA”. Enquanto música, orquestra, representa o velho, o passado, a morte, “negra mão”, aparece significando o novo, a transformação.
“E uma visão dantesca,
Como um fantasma macabro,
Dançou à minha frente
Dizendo-me assim mesmo:
‘Deixa toda a esperança.
E a tudo dê adeus’.”
Excelente e profundo o seu comentário. Você captou bem o sentido do meu poema e o momento da inspiração. Na verdade, a poesia é tudo aquilo que comove, que sensibiliza e desperta sentimentos. É qualquer forma de arte que inspira e encanta, que é sublime e bela e que às vezes também escandaliza. Gostei muito de suas observações.Obrigado,Rosário! Geraldo de Castro Pereira
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