segunda-feira, 28 de agosto de 2017



BARATA OU CARO


(Nanoconto)


Joseph, alemão, natural de Berlim, era um senhor de sessenta anos.Veio morar no Brasil aos vinte anos de idade.Quando aqui chegou, aconselharam-no a residir numa colônia de pomeranos numa cidade denominada Santa Leopoldina, no Estado do Espírito Santo.
Lá foi trabalhar numa lavoura de café. Casou-se com a linda filha do dono da propriedade.
 Joseph tinha muita dificuldade com a língua portuguesa. O maior empecilho era o gênero das palavras. Difícil para ele distinguir os vocábulos femininos dos masculinos. Dizia, por exemplo: “boi gorda, gato velha etc.
Um dia, foi visitar um parente em Vitória. Pegou sua caminhonete
Na estrada sentiu fome. Viu um barzinho muito simples. Encostou seu veículo e perguntou qual o prato do dia.
 O dono do estabelecimento lhe disse::”frango à passarinho”.
Sentou-se a uma velha mesinha, quase caindo aos pedaços. Pediu então o tal do franguinho à passarinho.
Estava um tempo muito nublado e frio e o local era muito mal iluminado. Veio a comida.
Enquanto se deliciava com a refeição, um rapaz chegou perto dele, olhou a comida e viu que no meio dos pedaços de frango havia muitas baratas fritas.
Então, disse ao homem:
“O senhor está comendo muita barata’”.
E o alemão virou-se para o moço e lhe respondeu:
“Comida muito gostoso. Barata ou caro, quero mais franguinho à passarinha”.
E fez um sinal para o garçom para lhe servir mais uns pedaços de frango misturados com baratas fritas.

Geraldo de Castro Pereira.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017




FONTE  DE  CASTÁLIA

A você dediquei o meu carinho
E a elegi como estrela divinal
Que iluminava sempre meu caminho
Com todo o resplendor do seu fanal.

Você me abandonou. Fiquei no escuro.
Não tive mais a luz do seu olhar.
Entre nós foi erguido um grande muro
Que veio ,de uma vez, nos separar.

Da solidão agora amargo o fel.
Você menosprezou o amante fiel
E me impingiu tamanha represália.

Sentindo embora ainda muita mágoa,
Terei saudade de beber da água
Que flui de sua fonte de Castália!



Geraldo de Castro Pereira

Obs; Castália é uma náiade (uma ninfa aquática) que foi transformada por Apolo em nascente de água, perto de Delfos (a Fonte de Castália) e na base do Monte Parnaso.
Castália inspirava o gênio poético daqueles que bebessem das suas águas ou ouvissem o movimento das suas águas. A água sagrada também era usada para as limpezas dos templos em Delfos - Fonte da informação: Google


sexta-feira, 11 de agosto de 2017



Folha Caída

Violento furacão
Sacudiu a a frondosa árvore
Dos meus esperançosos sonhos.
E uma verde folhinha 

Desprendeu-se, solitária,
Esvoaçando-se pelos ares.

Acossada pelo vento,
Subiu, subiu tão alto,
Parecendo uma avezinha,
Ágil e afoita.

Poucas horas depois,
Ei-la tombada
No pó do chão,
Murcha e morta!
Era a folha da esperança!


Geraldo de Castro Pereira


quarta-feira, 9 de agosto de 2017





Assembleia dos Ratos 


Um gato enorme e faminto,
Esperto como uma lebre,
Achou um bando de ratos
Num velho e pobre casebre.

Todo o dia ele caçava
Um rato com sua garra.
E se fartava à vontade,
Fazendo grande algazarra.

Os ratos, apavorados,
criaram um sindicato
Pra acabarem de uma vez
Com esse malvado gato.

Formaram-se comissões;
marcaram uma assembleia.
Dom  Ratão foi logo eleito
Por toda aquela plateia.

E , todos, bem agitados,
Reuniam-se noite e dia,
Três ratazanas bem fortes
Puseram-se de vigia.

Dom Ratão, inteligente,
Matutou um grande plano:
Colocar enorme guizo
No pescoço do bichano.

Convocou outra assembleia
Pra votar o seu intento.
Os ratos compareceram
Cheios de contentamento.

E, por unanimidade,
Deram sua aprovação
À ideia genial
Do seu chefe, Dom Ratão.

Cada rato saberia
-isto seria um colosso –
O paradeiro do gato
Com o guizo no pescoço.

Mas, no fim da reunião,
Velho rato com juízo
Pediu a palavra e disse:
“Boa ideia essa do guizo!

Mas, aqui estou pensando
E meditando comigo:
Quem poria este artefato
No pescoço do inimigo?”

Ante aquela indagação,
Todos eles se calaram.
Botaram o rabo entre as pernas
E logo se dispersaram.

Como moral da história
Escuta esta minha fala:
“É fácil ter uma ideia,
Difícil é executá-la.”
 

OBS: versificação livre por mim feita de uma fábula bem conhecida.

Geraldo  de Castro Pereira 

sábado, 5 de agosto de 2017



Adeus, Árvore da Minha Infância!

Sessenta anos depois!Voltei
Para te encontrar, oh árvore de minha infância!
Estavas morta, com suas raízes arrancadas.
Os pássaros sumiram,
As flores viraram pó.
Despareceram os insetos.
Por que não me esperaste?
Queria morrer e ser enterrado
A teus pés.
 Sinto ainda o perfume de tuas flores
E o aconchego de tua sombra!
Mas, meu sorriso fugiu-me dos lábios
E as lágrimas inundaram a face 
Da minha saudade!


Geraldo de Castro Pereira