domingo, 28 de junho de 2015




   A   R A P O S A   E   O    C O R V O 





            









O corvo furtou um queijo
De uma casa descuidada.
E voou para a floresta,
Pousando numa galhada.

Enquanto se deliciava
Com seu gostoso manjar,
Eis que aparece a raposa
E o começa a elogiar:

"Como és charmoso e bonito,
Ó meu corvo tão querido!
Quanto brilho em tuas penas,
Que corpo tão colorido!

Se tivesses uma voz,
Ganharias nota dez.
Nenhuma ave da floresta
Chegaria a teus pés".

O corvo, todo orguhoso,
De cantar sentiu desejo.
O seu bico logo abriu,
Deixando cair o queijo.

Mais que depressa, a raposa
Apossou-se da iguaria.
Ávidamente a comeu
Com prazer e alegria.

E virou-se para o corvo
E xingou-o de bobão,
Por ter perdido o seu queijo,
Deixando-o cair no chão.

A fábula nos ensina
Quase em ninguém confiar.
"Quem basstante elogia,
Com certeza quer lucrar!".

Esta fábula  de Fedro é muito conhecida e ficou famosa na pena
 de La Fontaine, que a reescreveu com maestria.


Geraldo de Castro Pereira.



sábado, 27 de junho de 2015


                     A N O S O G N O S I A

                      


VOCÊ SABE O QUE É ANOSOGNOSIA?







"Que alívio ter conhecimento disto! Há tempos eu andava preocupado, porque:

1.Não me recordava dos nomes próprios;
2.Não me recordava onde deixava algumas coisas;
3.Quando estou conversando e tenho o pensamento interrompido, tenho dificuldades de continuar com a conversa no ponto em que a tinha deixado;
Enfim, pensava que tinha um inimigo dentro da minha cabeça, cujo nome começa por Alz...
Hoje, li um artigo que me deixou bem mais tranquilo. Por isso, transcrevo a parte mais interessante:
"Se tu tens consciência dos teus problemas de memória, então é porque ainda não tens problemas".
Existe um termo médico que se chama ANOSOGNOSIA, que é a situação em que tu não te recordas temporariamente de alguma coisa. Metade dos maiores de 50 anos apresenta algumas falhas deste tipo, mas é mais um fato relacionado com a idade do que com a doença propriamente dita.
Queixar-se de falhas de memória é uma situação muito comum em pessoas com 50 ou mais anos de idade.
Traduz-se por não recordar um nome próprio, entrar num cômodo da casa e esquecer-se do que ia fazer lá ou buscar, esquecer o título de um filme , ator , canção, não se lembrar onde deixou os óculos etc.
Muitas pessoas preocupam-se, muitas vezes, em excesso por este tipo de esquecimento. Daí, uma informação importante:
"Quem tem consciência de ter este tipo de esquecimento, não tem problema sério de memória. Todos que padecem de doença de memória, com o inevitável fantasma do Alzeimer, são aqueles que NÃO tem consciência do que efetivamente se passa.
O professor Bruno Dubois, do Institut de la Mémoire et de la Maladie d’Alzheimer, do Hôpitaux Universitaires Pitié-Salpêtrière, em Paris, encontrou uma engraçada, mas didática explicação, válida para a maioria dos casos de pessoas que estão preocupadas com os seus esquecimentos:
"Quanto mais se queixam dos seus problemas de memória, menos possibilidades têm de sofrer de uma doença de memória".
Este documento é dedicado a todos os esquecidos de que me recordo.
Se esquecerem de compartilhar, não se preocupem ,porque não será Alzeimer... são os muitos anos que pesam dentro das suas cabeças."
Epa... quase esqueci
 
Recebi este e-mail de uma pessoa amiga, que não se esqueceu de enviá-la para mim.
 
 
Geraldo de Castro Pereira.

sexta-feira, 26 de junho de 2015


              
           
 

Tristezas na Prisão

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Era um verde e formoso periquito
Que triste e aflito na prisão vivia.

Queria a sua antiga liberdade,
Pois à vontade revoar podia.


Tinha inveja das aves soltas, meigas,
Que pelas veigas  livremente  voavam.

Tinha saudades das canções suaves
De amigas aves que sutis cantavam.


Queria haurir perfumes das boninas
Que, purpurinas, beijam as manhãs.

Também queria as flores orvalhadas
Nas madrugadas frias e louçãs.

 
E, quando resplendente de alegria,
Lindo se erguia lá no céu o sol,

Ele ficava logo a soluçar,
Querendo voar nas asas do arrebol.

 
Triste, batia as asas com um grito,
O periquito na infernal prisão.

E, encorujado e só, ali num canto,

Em pranto mudo se banhava então.

E , um dia, quando o sol lá no horizonte,
Atrás de um monte veio se esconder,

O periquito, triste e acabrunhado,

Tombou de lado e veio a falecer.


A natureza se vestiu de luto
E o bosque hirsuto de pesar chorou.

E a gaiola onde ave estava

Ficou tão brava que se espedaçou.

 
Este poema escrevi quando eu tinha dezoito anos e estava no Seminário. Era muito influenciado
pelos poemas de Castro Alves, que exagerava na utilização de hipérboles. Vejam também a forma de rimas internas e o vocabulário meio antiquado. Fica aí a autocrítica.

Geraldo de Castro  Pereira.

 

 

 

segunda-feira, 22 de junho de 2015





                        
                          C E N  A    D  E     RUA

 

 

 


                                         “A alegria do pobre, ainda que menos durável, é                                       sempre mais intensa que a do rico”. (Marquês de Maricá).     

 

 

                   Manhã de domingo. O sol, tímido, não saía das nuvens. Fazia um friozinho gostoso.
                   Fui convidado por uma amiga para assistir a um espetáculo a ser realizado no interior do Conservatório Mineiro de Música.
                  Após uma boa caminhada pelas ruas de Belo Horizonte e uma espiadela na feira artesanal, chegamos ao local do evento. E o que vimos? - Os portões do Conservatório fechados. O espetáculo havia sido adiado. Para nós foi uma frustração.
                   Em compensação, visualizamos na escadaria da Prefeitura um conjunto musical, composto de seis mulheres e três homens, todos aparentando idade de mais de cinquenta anos. Estavam cantando, ao som de um violão e de  instrumentos de percussão, músicas de origem mexicana.  
                Eram canções agradáveis, dentre as quais se citam: “Alma llanera”, “La Paloma”, ‘Carnavalito”, “Catito Mio”.
                Ficamos ali entretidos com o repertório deles. De repente, um senhor, afrodescendente, beirando os sessenta anos, começou a dançar sozinho em frente do conjunto.
                Dançava e rodopiava, fazendo, desengonçado, uns requebros com a cintura. Acabou por roubar a cena, porquanto o pessoal prestava mais atenção nele do que nos esforçados cantadores. Era engraçado: fazia trejeitos, caretas, colocava o dedo indicador na boca quase sem dentes.
                No seu show solitário, começou a convidar os transeuntes para dançarem também. Chegou, inclusive, a enlaçar, com seus magros braços, a cintura de uma idosa senhora, mas ela saiu fora dele.
                Só parou sua desengonçada dança, quando o conjunto encerrou o espetáculo. O povo aplaudiu mais o dançarino do que o grupo musical.
               Esta cena de rua me deixou encantado.
               Minha amiga e eu fomos andar mais um pouco. Visitamos a feira hippie mais uma vez, mas agora detalhadamente. Ela comprou algumas lembrancinhas para seus sobrinhos, enquanto eu adquiri um boné do meu time Cruzeiro.
              Depois, fomos dar uma volta pelo bucólico Parque Municipal, aspirando o perfume das flores e admirando as crianças jogarem miolos de pão para os peixes que, ligeiros, pululavam nos lagos.
              Ao retornarmos, a imagem daquele homem simplório não me saía da cabeça. Fiquei remoendo a frase do poeta Mário Quintana: “A felicidade é um sentimento simples; você pode encontrá-la e deixá-la ir embora, por não perceber a sua simplicidade”.

 

               Autor: Geraldo de Castro Pereira.        

 

                 .

 

domingo, 21 de junho de 2015



                    
          TU TUPILA ES AZUL










 Autor: Gustavo Adolfo Bécquer

Tu pupila es azul, y cuando ríes,
su claridad suave me recuerda
el trémulo fulgor de la mañana
que en el mar se refleja.

Tu pupila es azul y cuando lloras
las transparentes lágrimas en ella
se me figuran gotas de rocío
sobre una violeta..


Tu pupila es azul, y si en su fondo
como un punto de luz radia una idea,
me parece en el cielo de la tarde
una perdida estrella.



Tradução minha (literal):


Tua pupila é azul, e quando ris,
sua claridade suave me lembra
o trêmulo fulgor da manhã
que no mar se reflete.
 
Tua pupila é azul e quando choras,
as transparentes lágrimas nela
se me afiguram gotas de orvalho
sobre uma violeta...

Tua pupila é azul, e se, em seu fundo,
como um ponto de luz, irradia uma ideia,
parece-me no céu da tarde
uma perdida estrela.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 19 de junho de 2015




                    
Mistério da Santíssima Trindade.

 

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Numa praia bem deserta
O sábio Santo Agostinho,

Vagaroso, caminhava

E meditava sozinho.

 
Pensava nos seus escritos
E na sua conversão.

Quanta coisa ele ensinou
Ao povo rude e pagão.


Mas, o que o preocupava
Naquele momento sério

Era como desvendar
Da Igreja um grande Mistério.

 
E qual seria o mistério
Que lhe trazia ansiedade?

Com certeza era aquele

Da Santíssima Trindade.

 Não conseguia entender,
(Mesmo sendo um bom aluno),

Pai, Filho, Espírito Santo
A formarem um Deus Uno?

 
Bem concentrado e absorto
Na sua meditação,

Viu de repente um menino
Com uma concha na mão.

 
O garoto com os dedos
Fez um buraco na areia.

Depois, correu para a água,
E trouxe a conchinha cheia.

 
Despejou o conteúdo
No furinho que ele fez.

E depois foi para a água,

Voltando mais uma vez.

 
E assim por várias vezes
Na concha água levava.

E naquele buraquinho

Tudo ele despejava.

 Santo Agostinho, curioso,
Muito intrigado, por certo,

Chamou aquele menino,
Que estava ali bem perto.

 
-“ O que pretendes, meu filho,
Com esforço tão insano?

Por acaso esvaziar
Toda a água do oceano?

 
Não vês que isto é impossível,
-Disse-lhe num tom ameno -

Colocar toda essa água
Num buraco tão pequeno”

 
A criança respondeu-lhe
Com tamanha autoridade:

-“Impossível é compreender
A Santíssima Trindade”.

 

 Geraldo de Castro Pereira

quinta-feira, 18 de junho de 2015





                     
LENÇO DA SAUDADE 








Sombras gélidas do passado,
espreguiçando-se lentamente,
Vem se aquecerem
Na chama ígnea da vida.

E lá na esquina da saudade
Um lenço branco drapeja
Ao zéfiro brando
Num derradeiro aceno.

Lenço alegre da saudade
Daquela juventude

Outrora resplandecente.
 
Geraldo de Castro Pereira

 

 

quarta-feira, 17 de junho de 2015


           
De quem é a culpa?

 
A moça na praça
Ali sentadinha,

Com as pernas de fora
E a saia curtinha.

 
Um rapaz franzino
Dela se aproxima.

E fica mirando
Embaixo e em cima.

 
Ali extasiado,
Não quer ir embora.

De mirar não cansa
As pernas de fora.

 
A jovem se assusta,
Com aquele sujeito

Bem à sua frente,
Deixando-a sem jeito.

 
Imediatamente
 Suas pernas cobre

Com a bolsa comprada
Em um brechó pobre.

 
Muito apavorada,
Pega o celular

E para a polícia

Começa a ligar.

O moço, com medo,
Sai em disparada.

Atravessa a rua
Bem movimentada.

 
E, por azar seu,
logo ele avista

Um carro veloz
No meio da pista.

 
Tentou sair fora,
Pulando de lado.

Mas, não teve jeito:
Foi atropelado.

 
A moça que estava
No banco sentada

Correu pra salvá-lo:

 foi atropelada.

 
Os dois faleceram.

Por culpa de quem?
Talvez do destino?

Talvez de ninguém!

 
Obs: fiz este pequeno poema, baseado numa ideia fornecida pelo amigo Desembargador Hélio Mário de Arruda. Tornou-se uma tragédia!
Geraldo de Castro Pereira

 

 

 

 

 

terça-feira, 16 de junho de 2015





                                     
 SUSSURROS DO BAMBUZAL


 

Quando a tarde declina lentamente
E, soprando, soluça a ventania,
O bambuzal tristonha melodia
Põe-se a cantar, num sussurrar plangente.

Verdes folhas farfalham, tristemente,
Caindo, sem parar, na terra fria.
E os troncos vão gemendo de agonia,
Açoitados por vento veemente.

Eu, quantas vezes, descansando à sombra
Dos bambuzais, ouvi esta sentida
Lamentação entre a macia alfombra.

Do bambuzal lembrando, assim pensei:
“Se até árvores sentem dor na vida,

Por que também eu não a sentirei"?

Geraldo de Castro Pereira

domingo, 14 de junho de 2015




                         
HAITI



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Haiti,
Só ais para ti!
És um dos mais pobres países do mundo,
embora nobre,
Repleto de gente de todas as raças,
.
Pobre de ti, Haiti pobre!
Tudo emudeceu.
Em volta de ti!
Só o vento,
De canto a canto,
Leva o lamento
De quem sobreviveu!

Não há mais terra
Para tanto defunto,
Nem madeira
Para tanto caixão!.
O que restou de ti,
Pobre Haiti?
- Escombros apenas
E desolação!

 
Obs: escrevi o poema acima quando houve aquela catástrofe em Haiti, ocasionada por um terremoto que  atingiu  3,5  mihões de pessoas.Dentre as vítimas figura Da.Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança. O texto supra está em letras vermelhas, para lembrar o sangue derramado.

Geraldo de Castro Pereira.

sábado, 13 de junho de 2015



                   
AS  ABELHAS, OS ZÂNGÃOS E A VESPA COMO JUÍZA

Como montar uma criação de abelhas






Laboriosas abelhas
Bem no alto de um carvalho

Fizeram sua colmeia

Depois de muito trabalho.

Os favos cheios de mel
Eram muito saborosos.

Foram logo cobiçados
Pelos zângãos preguiçosos.
 
Eles logo questionaram,
Dizendo que a propriedade
Desses favos eram seus,
Pois foi numa cavidade

Daquele velho carvalho
Que eles foram colocados.
E uma acirrada contenda
Formou-se entre os dois lados.

Uma vespa foi eleita
Pra dirimir a questão.
Logo para um tribunal
Foram chamados então.

A vespa, como juíza,
Para à lide por um fim,

Fez a seguinte proposta
Aos litigantes, enfim:


Em fazer o melhor favo
Cada qual se esmeraria.
E após uma avaliação,
O mais hábil ganharia.

Vendo a impossibilidade
De vencerem a parada,

Os zângãos espertalhões
Bateram em retirada.


E assim a sabida vespa

 
Solucionou a pendenga.
A sentença foi lavrada,
 
E acabou-se a lenga-lenga.


A fábula nos ensina
E jamais se esqueçam dela:
 
“Um autor é conhecido

Pela obra que o revela.”

 
Obs: esta é mais uma fábula de Fedro, por mim versificada. Observem que o fabulista não levanta a questão de forma clara no sentido de que os zângãos numa colmeia apenas têm a função de fecundar a abelha rainha no voo nupcial. Eles não possuem ferrão e nem fabricam mel. E quanto à palavra 'zângão', popularmente é conhecida como zangão (sem o acento circunflexo no primeiro "a"). Preferi a forma mais correta, no meu entender.
 
Geraldo de Castro Pereira

sexta-feira, 12 de junho de 2015




                 
HAICAIS III

 1 –

No seu velho rosto
Sorrisos da juventude

Tornaram-se rugas.


 2 – As estações do ano
Vão e voltam. Mas os anos

Não nos voltam mais.

 
3- O descobridor
Do vocábulo ‘Saudade’

Esqueceu-se do “AMOR”.


 4 – A vida é tão curta!
Para que gastarmos tempo,

Odiando os outros?

 
5 –A felicidade
Não está assim tão longe,

Mas dentro de nós.

 

6 – Nunca se apequene.
Na verdade, nós nascemos

Pra coisas maiores.

7 -

O meu epitáfio
Seria este: “AQUI  ESTOU

SEM MINHA VONTADE

 8 –

Na nossa Bandeira
Querem alterar o lema:

“Regresso e desordem”

 

Geraldo de Castro Pereira