sexta-feira, 3 de abril de 2015





               
O PAVÃO A JUNO 

Um pavão se queixou , aborrecido,
Toda a vez que tentava um trinado.
Pois, muitas aves dele escarneciam,
Dizendo ser melhor ficar calado.

O pavão foi até  à deusa Juno
Pedir-lhe uma voz maravilhosa..
Mas, a deusa, usando o seu saber,
Foi falando, tranqüila e majestosa:

“Tens as penas mais belas que eu já vi,
Formosura tu tens, ó filho amado!
Uma cauda de plumas bem pintadas,
E um pomposo pescoço bem talhado.

E o pavão, mesmo assim inconformado,
Reclamou:: de que adianta ser galante?
Pois muda é a beleza! O que eu queria
É ter mesmo uma voz linda e possante.

Juno, com muita paciência , disse:
“Foram distribuídos entre vós
Os dons pra cada  um: a violência à águia
E para o rouxinol a bela voz;

Para ti os encantos da beleza,
Para a gralha os presságios assombrados.
O agouro para o corvo tão sinistro.
Menos tu, estão todos conformados”

O conselho tirado desta fábula
Nós devemos usá-lo sem receios:
“ Se pra nós muitos dons nos foram dados,
Para que cobiçarmos bens alheios?”

 Esta fábula de Fedro foi traduzida do latim e versificada por mim.
Faz parte do meu livro "Fábulas Di-versificadas", publicada pela Editora Protexto, ora à venda naquela Editora. É só clicar em "livraria" para maiores detalhes. Geraldo de Castro Pereira

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